sexta-feira, 10 de outubro de 2014

A não existência

Eu só vivo quando escrevo.
Todos os outros momentos,
Não respiro.
Eu te olho e não respiro.
Eu te falo e me falta o ar.

Tudo que não está no texto, definha.
Esta é a angústia minha.
E ela está lá,
No olhar sufocado
Na fala embargada.
Só não está nessas linhas
Só nessas linhas, que ela não está

Eu escrevo pra não morrer.
Eu escrevo pra não matar!
Eu só vivo quando escrevo.
Todos os outros momentos,
Não estou lá.



segunda-feira, 14 de julho de 2014

Canção ao desamor

Há tanta tristeza em meu peito que eu não sei o que fazer.
Também não sei de onde vem esse pesar sem fim.
Só sei que ele é grande e está em mim...
É grande e está em mim.

O mundo não me parece próprio para caber
Essa pessoa que sente tudo que é triste, que sente tudo que chora.
Só sei que a lágrima é minha agora.
A lágrima é minha agora!

Então me escuta por um momento, deixa eu te devolver
O teu lamento, a tua revolta, a tua esperança morta
O teu ódio, a tua injustiça, o teu desdém bateu à minha porta.
O teu rio desaguou em mim.
Teu rio desaguou em mim!

Quero embora, não sei pra onde, quero um lugar que me proteja
Quero que não me encontre esse dissabor que tu festejas
Sonhei com um lugar outrora, que me cabia enfim.
O lugar me cabia enfim!

Tinha luz em todos os cômodos e cadeiras amarelas
Tinha flores nas janelas, detalhes em jasmim
Tinha o amor que me espera
Amor sem fim
Quero o amor sem fim...


terça-feira, 8 de abril de 2014

Aprendendo a plainar


Eu ouço o que me diz o vento
Como quem ouve uma melodia
Meu corpo segue ao relento
Minh'alma é cotovia

Às vezes o vento é forte
Parece que está a cantar:
Voe comigo pro norte!
Saia desse lugar!
Minh'alma se lança no espaço
Meu corpo não sabe voar

Minha alma inconformada
Planeja, constrói, projeta
para meu corpo, asas!
Forças para minhas pernas!

Novamente, num momento insano
Lanço meu corpo no ar
Minh'alma se rejubila
Meu corpo começa a cantar
Mas o vento me diz num sussurro:
Agora sou brisa, sou brisa...