quarta-feira, 1 de março de 2017

Ave, a Maria!

Estou aqui pra te lembrar de sentir.
Estou aqui pra te lembrar de sofrer.
Mesmo que pra mim seja difícil existir
É meu papel não te deixar esquecer
Estou entre as brechas da tua rotina
Dessa máquina de entorpecer
Estou entre as pírulas e vitaminas,
Gadernais, LSDs
E pensas que tudo te faz bem
E que precisamente, de mim não precisa
O artista nunca lhe convém
Sou vagabunda, malandra ou vaidosa
Mesmo eu te dando em poesia e prosa
A saída do teu torpor, amém.




No ventre te protejo

Dorme, minha filha, dorme
Que tua mãe vela teu sono 
E quando estiver em meus braços
Deixas ser puro abandono

Aproxima-te dela quanto pode
Encosta tua cabeça em seu peito
E no leito, sinta o calor do meu corpo
Sorva o leite que jorra em teu socorro
Tudo agora parece direto
Ouça alto minha respiração
Sinta meu coração junto ao teu
Sinta que tudo te acalma
No corpo que não te esqueceu

Tua mãe está aqui, quieta
Pensando se o amor pode curar
Intimamente, uma forma arquiteta
De você ao seu ventre retornar