domingo, 30 de setembro de 2012

Quimera



Pensando em ser mais corpo que espírito,
talvez para fincar mais meus pés à terra
e menos aos céus vaguear minha mente,
percebo que me tornei qualquer coisa de diferente.
Um ser à parte, uma quimera...

Pois quanto mais força adquire meu corpo,
mais ainda dele me liberto.
O que dantes era ferrugem e rangia;
o que era cinza de poeira que estava coberto,
agora é silêncio, é leveza, primavera.

E me torno o oposto do que queria:
um ser que plaina no reino das ideias,
do imaginário, da poesia
e um ser que  cada vez mais se distancia
daquilo que um dia quisera...

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Vertigem





Meu coração é uma montanha russa
Minha vida é, portanto, só vertigem
Na verdade pouca coisa me aflige
Só a falta do teu amor me entristece.
Vez em quando, lá vem ela e me acusa:
- Por quê sentes? Por quê ainda se enternece?
- Por quê não aceitas logo esta recusa?
É, meu caro, eu não sei essa resposta!
Pois quando penso que passou, ele aparece
Esse amor que, de teimoso, não perece
Indo e vindo neste caminho sem sentido
Não contente, quer sentir o vento no rosto
e displicente na janela se debruça
Ah, meu coração é traiçoeiro
Ah, meu coração é uma montanha russa!