A vida é um desperdício de tempo
porque o tempo, a gente sempre gasta
Nunca há tempo que basta
Embora, agora me pareça que o tempo sobra
Sinto que vivo num ciclo
Onde como pedras e vomito flores
E as jogo nos corredores
Sem saber ao certo para quem dar
A vida é um desperdício de cores
É música que ninguém lê
É poesia que ninguém ouve
A vida é uma fonte de água que não cansa de jorrar
É a árvore da esquina
que nos galhos sem folhas
coleciona pássaros
É o caminho que ninguém olha
porque está muito perto
porque está sempre lá
Talvez minhas falhas sejam espaços
que abrigam minhas próprias aves
E talvez eu siga sendo espetáculos
repletos de cadeiras vazias
A vida é um desperdício de ironias.
Queria que tivessem mais cuidado ao cortar árvores!
Cuidado ao cortar árvores! Cuidado!
Podem estar destruindo a poesia
na vida de alguém que nota!
na vida de alguém, que torta,
come pedras e vomita flores
e que aplaude ausências
preenchidas por pássaros.