domingo, 25 de março de 2012
Pedido
sábado, 17 de março de 2012
Fita-me
quinta-feira, 15 de março de 2012
Bom dia (Modinha)
Bom dia amado, estou aqui
Pra te sorrir, sem te esperar
Sentindo a calma que me traz
Nas cores do seu olhar
Sem querer mais do que me podes dar
E sem sofrer, não, tu não me trazes uma dor!
Ó amado deixa o seu olhar
Pousar nos meus olhos cheios de paixão
Sem querer mais do que me podes dar
E sem sofrer! Não, tu não me trazes uma dor!
Ó amado deixa o seu olhar no meu para minha paz
Dezembro
Canção para Júlia
Momento
O ontem nunca existiu
O amanhã não existirá
Estamos nós, estáticos, medrosos
Sentados neste sofá
Nesse momento infinito
Perdidos, um no outro, no olhar
Esse é o momento
Estamos eu, você e as paredes
O que veio antes não está aqui
O que vem depois: afã
Se é, se não é
O que vai ser, o que não vai
Nada vai mudar amanhã
Pois todo meu amor eu vou deixar aqui
nesse momento pleno e infinito
Bem me quis
Migalhas de afeto
Amar é sorver migalhas
Amo-te nas malhas da escuridão
Hoje sou estorvo, amanhã imensidão
Sou a luz que entra de vão em vão
Meu silêncio é alto
Minha fala é falha
Sou boca que cala
E que perde o chão
Tento ter censura e ponderação
Mas minha mente é selva
É mar alto, é paixão
Amar é sorver migalhas
É conter fornalhas
É pedir perdão
O amor é claro, o egoísmo turvo
Teu ouvido é surdo
Meu esforço é vão
Espelho
Estou só
E a solidão em nada me constrange
Olho bem pra mim mesma adiante
E mesmo nessa noite fria
Sou pra mim, boa companhia
As horas passam e o dia vem
A solitude ainda me detém
Os meus olhos a paisagem abrange
Mas o espelho ainda me convém
Os dias se sucedem em cada data
Quando ele vem e me resgata
A louca em se tornar sensata
Em seu temor e em seu desdém
Natureza humana
Sou regida pelo tempo
A natureza está em mim
Piso na relva úmida
e meus pés não tem um fim
O sol irradia meu júbilo
a chuva carrega minhas lágrimas
Se o vento os meus cabelos tocar
Eu sou o ar
Eu sou o ar...
Sou o canto dos pássaros
Eu sou a madrugada
Tenho as cores do horizonte
as matizes da alvorada
O meu peito é a tormenta
Minha alma é andorinha
Que não se constrange em voar
E sem amor,
Não sei cantar.
Gota d'água
De todas as angústias que abatem
A pior é aquela que me esconde
Habita o meu ser sei lá aonde
Como a fera em sua jaula se debate
Ora faz querer me ver só pelo avesso
Como pérola isolada em sua concha
Ora explode como um missel, um torpedo
Procurando qualquer alvo que a detone
A angústia que se faz dentro de mim
É produto de fator irrelevante
Que engolido um pouquinho em cada dia
Transborda nessa angústia, agonizante...
Venha
Se queres quem eu durma bem, venha
Não deixe que a mágoa me detenha
Quem ama, é também quem te desdenha
Me enlace, me ultrapasse e vá além
Se queres que eu durma bem, venha
E tire toda amarra dessa fera
Quem grita é também quem te espera
É quem na ânsia de querer-te nela
Esquece todo jamais, todo porém
Lubri... o quê?
Eu ouvi minha vó dizer
Que a tarde estava lubrinando
Lubrinando, minha vó, o que é que é isso?
Garoando, minha neta, garoando.
Quando o céu com sua mão grande e macia
Vai passando como se acariciando
E o vento se for forte e corajoso
Cada gota vai secando, vai secando
A gotinha de tão bela e pequenina
Com o vento vai voando vai voando
E com outras a uma folha distraída
Vai molhando, minha neta, vai molhando
É o choro disfarçado da tardinha
É a lágrima teimosa que vai rolando
É o frescor da minha janela
Lubrinando, lubrinando, lubrinando
Gota pequenina
Ah gota pequenina
Do céu que me fascina
Ah, vem e me ilumina
E ensina-me a viver
A gota que cai, da chuva no telhado
É a mesma que sai dos olhos da morena
Ó gota que vem da chuva passageira
Carrega o meu sofrer
O raio de sol nos olhos da morena
Enxugam a dor, da água derradeira
O meu coração se enche de alegria
E torna a se iludir
Alma
Para quê me explicar
Se você não vai me entender
Essa minha vida sem fatos
Completamente sentida
Imaginada sem querer
Minha alma é o meu mistério
Todo o resto é irrelevante
Sou faceira, sou farsante
Falo pra te distrair
Pergunto o que não quero ouvir
Quando olho nos teus olhos
Vejo um toque de ternura
A minha alma é só sua
Mas eu não sinto você
Você olha e ainda não vê
Para quê me explicar
Se você não vai me entender
Sempre que eu me mostro eu me calo
Se me perguntas eu nego
Ou deixo coisas por dizer
No entanto eu sou clara
Pra quem lê nas entrelinhas
A minha alma é só minha
A minha alma é só minha
Para quê lhe explicar
Para que me iludir
Nesse mundo todos nós estamos sós...
Sou sua
Só depende de você,
Me aceite como sou.
Basta olhar, pensar e repensar,
Já não é mais tempo de conquistar;
É tempo de saber o que querer,
Eu quero você.
Você pode dizer o que quiser,
Que demorei demais para decidir.
É que como sempre fiz, me defendi,
Mas você soube como me vencer.
E agora que estou indefesa,
Me acolha, me ame, me veja,
Me beija, me beija, me beija!
Beija meu corpo e minha alma;
Sou sua.
Shii...
O que está atrás de um segredo
que o desejo de ser revelado?
Pois se o segredo, nada é
que um desejo sufocado.
E não há um só segredo
que seja de todo velado,
Porquê há sempre "o desejo"
que deseja ser contemplado.
E ainda bem que há segredos
que ainda não foram contados
Pois onde há segredo, há desejo
E onde há desejo, há pecado.
Quem sabe um dia
Quem sabe o mundo,
No seu intrépido gemido,
Ouça no silêncio
A voz de Deus;
Quem sabe a paz,
Com seu amor absoluto,
Perdoe a dor do filho morto
Que a mãe carrega nos braços seus;
Quem sabe o poeta,
Ao arrancar a lágrima do poema,
Expurgue a mágoa
Do amor que se perdeu;
Quem sabe, meu Deus, quem sabe
O mundo de uma vez entenda
Que a dor não passa da consequência
De uma lição que não se aprendeu.
Presente
Para quê preencher um espaço em branco
Se o vazio do meu peito em pranto
Não se vai com dizer fugaz
E se o amor já não tem encanto
Para quê pesar o doce manto
De lágrimas que não choro mais
Se o passado já tem seu pranto
E se o furor já cessou seu canto
É que a vida não volta atrás.
Não me constranjas
Quanto mais me constranges
Mais me escondo
Nesta veste de pessoa incomodada
Nesse sorriso de uma alma sem consolo
Nesta prisão da minh’alma encarcerada
Quanto mais me constranges
Mais eu morro
Ou eu mato essa pessoa desejada
Essa alma fascinante sem retorno,
Como pessoa que já foi condenada.
Mais eu morro...
Mas é de morte matada.
Quanto mais me constranges
Mais me escondo
Eu sou forte, mas nas grades me acomodo.
E pro peito arfante, incomodo,
Com meu jeito de ser tanto vibrante.
Não sou pessoa, sou poeta
Não sou mente, sou um coração pulsante.
Mamãe
Ah, minha mãe...
Quão tolo é o amor!
Há gestos, olhares, palavras ...
Quão grande é o meu rancor,
Que deles desdenha, amarga.
Tenho medo, me desculpe,
Temo olhar o horizonte,
Ver o sol enrubrecer a fronte,
Ver no mundo uma ilusão distante,
Sem a ninguém ter, assim, amante,
A sufocar, de todo, a mente...
Infertilidade
A dor que sinto é difícil de compartilhar
E dói com tanta frequência,
Que mal me restam
lágrimas para chorar
É uma dor de não ser
É uma dor de não ter
E ao mesmo tempo que tento
livrar-me, dar-me alento,
ser apenas mulher
a dor rasga-me o ventre
e o rubro quase perene
fita-me dizendo:
- Mãe, ainda não é!
Disfarce
Disfarce, espere o desenlace,
Arranje uma desculpa,
Não sorria, não assuma,
guarde o que ainda é seu
Não olhe, disfarce,
Não toque, não abrace,
E vista a fantasia
de que já não se perdeu
Resista, insista,
Dê uma de bem quista
Assuma o controle
do naufrágio em alto mar
E no final do dia
Se entregue à maresia no primeiro olhar
Caminhos molhados
Lágrimas no meu rosto,
Brotam e escorrem dos meus olhos,
Percorrem o meu corpo,
No doce molhado da tristeza;
Molhando e gritando por socorro
D’alma expelem seu suplício
E dos olhos vermelhos do abandono
Imantam um invólucro do fascínio;
E caem,
Percorrem os caminhos proibidos,
Deliciam-se nos castos contornos,
E antes de chegarem aos seus destinos,
Cessão, no silêncio do meu choro.
Bondes
Há bondes que na rua passam
Que nem sequer chamam a atenção
Como há muitos em minha vida
Que não tocam meu coração
Vi, porém, assim na rua
Um bonde na contramão
Veio atrás de uma jovem
Que perdera a condução
A jovem me confundiu
Por perto de mim estar
Perguntei se era a mim
Que o bonde viera buscar
O bonde parou confuso
Pois só um podia entrar
Entra moça, pois eu sei
Que outro bonde irá passar
Boa noite
Boa noite, você que me afaga a alma
Deixe eu te mostrar minha calma
Deite cândido, inocente,
Durma sob o meu amor
Boa noite, anjo que também me inflama
Nunca digas que me amas
Guarde o que lhe é perene
Não é hora de se expor
Apenas durma, pétala de rosa
Durma e se renove em prosa
Deixe que eu lhe tire a dor
Apenas durma, doce alma minha
Deite sobre a poesia
Durma sob o meu amor
Baixas expectativas
Não quero muito
Mas será que é?
Meu pouco é muito,
Pra quem nada quer
Baixas expectativas
Baixas, mas sempre lá
Sempre lá, sempre
Como um zumbido a incomodar
Eu te invejo
Quero ser como você
Quero nada sentir
Quero nada sofrer
Quero nada esperar
Quero nada querer
Nada
Nada
Nada
E repito esse mantra como uma prece...
Ah, menino...
Eu te olho assim na rua
Como teu jeito de menino
Me parece alma tão pura
De inocente pequenino
Mas se seu olhar me vê,
E me vê assim, mulher
Passo a então temer
Se é a mim que você quer
Desde o fio de cabelo
Até a ponta do pé
Parte alguma do meu corpo
Faz meu ser como ele é
Como pode me querer
Pelo que aparento ser?
Se minh’alma, se o que sou
Isso aí você não vê?
Ah, menino, vê se muda
Esse seu olhar pra mim
Que só o que me segura
É você me olhar assim.
Aceitas
Venho aqui me entregar por inteiro.
Se queres meu amor faceiro,
Aceitas sem dizer nenhum sussurro,
Sejas tu o último, e não o primeiro
A escutar meu sentimento tão profundo;
Meu amor habita as trevas e o silêncio
E em nada celestial eu o resumo.
É a beleza que o torna tão intenso
E o medo que o deixa tão soturno;
Mas se venho a falar-te sem reservas,
Que te quero, te desejo ao meu lado,
É que quis sair louco das trevas
Sob forma de um ente alado;
Aceitas meu amor que só te guarda
Como um anjo que te vela e te deseja.
Aceitas sem nenhum recato.
Beija essa boca que te beija.
A canção do mundo
O mundo é canção singela
Que só eu pareço ouvir
Não há coisa mais triste e mais bela
Do que o som de estar aqui
O mundo é canção que vela
A criança que estar por vir
É a mãe que contempla cansada
Sua razão de persistir
O mundo é canção que revela
O amor a suspirar
O amor que queima e que gela
O que fica e o que deixa no ar
O mundo é canção que sela
A ternura de um olhar
É canção que nos liberta
Mas que não sabemos cantar.